Muitas pessoas já puderam contemplar a beleza (e o terror) de uma
erupção vulcânica, seja por imagens ou vídeos, ou a aparente
tranquilidade de um vulcão que está inativo há muito tempo, em passeios e
atrações turísticas.
Contudo, se você visitar a Islândia, poderá observar uma parte normalmente pouco vista de um vulcão: seu interior.
Levando em conta que ninguém que entrasse em um vulcão ativo sairia
vivo para contar a história, e que os inativos normalmente estão
bloqueados por lava solidificada, o Thrihnukagigur (nome que pode ser
traduzido como “cratera de três picos”) se torna um caso muito especial.
Mesmo localizado em um país com muitos vulcões (dos quais 30 estão
ativos, entre eles o Eyjafjallajökull, que causou grande transtorno ao
entrar em erupção em abril de 2010), o Thrihnukagigur (tente não se
perder nos nomes) é uma exceção: seu interior pode ser acessado por meio
de uma abertura de cerca de 4×4 metros. A 120 metros abaixo da
superfície, há uma caverna de 150 mil m³.
Descoberto em 1974, só foi explorado quase vinte anos depois, em
1991, por Arni Stefánsson – que, curiosamente, ficou decepcionado em sua
primeira visita. “Vim procurando beleza, mas só encontrei feiúra”,
conta. Não é à toa que ele só voltou para lá 17 anos mais tarde (desta
vez com melhores equipamentos de iluminação e mais tempo para explorar).
O fenômeno que deu origem à câmara interna do Thrihnukagigur
permanece um mistério: “É como se alguém tivesse puxado a tampa de um
ralo e todo o magma tivesse descido por ele”, compara o vulcanologista
Haraldur Sigurdsson. Seja como for, as paredes da caverna têm muitas
cores, graças à variedade de concentrações de elementos químicos
depositada nelas (como ferro, basalto, sílica e magnésio). A estrutura
atrai visitantes do mundo todo.
Tanto o turismo quanto a pesquisa são incentivados pelo governo da
Islândia, que tem planos de construir um túnel até a câmara – o que deve
facilitar as visitas. Ainda assim, é preciso uma certa coragem para ir
até lá: o fato de o Thrihnukagigur estar dormente há 4 mil anos não
significa, necessariamente, que ele jamais entrará em erupção novamente,
nem que esteja livre de tremores e terremotos.
Para Stefánsson, a grandeza da estrutura pode inspirar humildade e,
ao mesmo tempo, ajudar a lidar com os próprios medos. O explorador quer
ver muitas pessoas por lá e, com a grande demanda por visitas, não deve
ser difícil conseguir isso.[Environmental Grafitti]
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