O autismo é quatro vezes mais comum em homens do que em mulheres.
Agora, uma nova pesquisa chega mais perto de descobrir por que.
Segundo os pesquisadores, a testosterona e o estrogênio têm efeitos
opostos sobre um gene apelidado RORA. Nos neurônios, a testosterona
diminui a capacidade das células de expressar ou se ligar ao gene,
enquanto o estrogênio aumenta essa capacidade.
Tais resultados são baseados em testes de crescimento de neurônios em
laboratório. Normalmente, o trabalho das células no gene RORA é ligá-lo
a vários outros genes. Quando uma célula tem altos níveis de
testosterona, os níveis de RORA escasseiam, o que afeta todos os genes a
que RORA deveria se ligar.
A pesquisa também mostrou que os tecidos cerebrais de pessoas com
autismo apresentam níveis mais baixos de RORA do que o das pessoas sem a
condição.
A nova pesquisa apóia estudos anteriores que mostraram que níveis
elevados de testosterona no feto são correlacionados com traços
autistas. Os cientistas acreditam que níveis mais elevados de
testosterona fetal podem colocar um feto em risco de autismo. Porém, a
pesquisa não prova que baixos níveis de RORA causam o autismo, só que
eles estão associados com a doença.
Ainda assim, outros estudos têm sugerido que uma deficiência de RORA
poderia explicar muitos dos efeitos observados no autismo. Por exemplo, o
gene protege os neurônios contra os efeitos do estresse e da
inflamação, ambos elevados no autismo.
RORA também deve ajudar a manter o ritmo circadiano do corpo em dia, e
as pessoas com autismo frequentemente experimentam distúrbios do sono.
Além disso, ratos que foram geneticamente modificados para não possuírem
o gene se envolveram em uma série de comportamentos sugestivos de
autismo.
Diferentemente da testosterona, o estrogênio aumenta os níveis de
RORA nas células. Isto significa que as mulheres podem ter uma
“proteção” contra o autismo: mesmo que seus níveis de RORA sejam baixos,
o estrogênio pode ajudar um pouco.
No entanto, outros cientistas sugerem que, na verdade, a maior
prevalência do autismo no sexo masculino é por que os genes no
cromossomo X desempenham um papel na doença. Como as mulheres têm dois, e
os homens apenas um (combinado com um cromossomo Y), as meninas têm uma
cópia de “backup” de qualquer gene mutado. Embora esta teoria seja
plausível, até o momento nenhum gene no cromossomo X tem sido
inequivocamente associado com o autismo.
Os pesquisadores alertam que o RORA pode não ser o único gene
envolvido na doença, mas que provavelmente é um dos fatores mais
críticos. [LiveScience]
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