Muitos pesquisadores acreditam que combinações de palavras feitas por
bebês (“balbucios”) não têm uma estrutura gramatical e que, graças a um
mecanismo ainda desconhecido, a criança aprende quase repentinamente a
incorporar gramática em sua fala. De acordo com estudo divulgado
recentemente no Journal of Linguistics, contudo, essa incorporação começa a acontecer muito mais cedo (e muito mais naturalmente) do que se imaginava.
A pesquisadora Cristina Dye e sua equipe monitorou 50 crianças
francesas de 23 a 37 meses de idade, gravando amostras de balbucios e
analisando tanto sua estrutura quanto o contexto em que eram emitidos.
Os resultados foram intrigantes.
“Muitos dos bebês que estudamos faziam um pequeno som, uma respiração
suave, ou uma pausa, no lugar exato em que uma expressão gramatical
seria normalmente usada”, explica Dye. Palavras simples, que compõem o
“esqueleto” de sentenças, como “um”, “uma”, “é” e “pode” teriam, mesmo
nessa fase tão inicial, um lugar marcado nas “falas” das crianças. “Elas
são muito mais sofisticadas em sua competência gramatical do que
pensávamos”.
Embora a análise tenha sido feita apenas com crianças francesas, os
autores acreditam que esses resultados podem valer pra outros idiomas.
Além de bater de frente com a teoria do desenvolvimento repentino, o
estudo pode ajudar a detectar com mais precisão casos de desenvolvimento
tardio de linguagem, permitindo uma intervenção mais precoce.[Medical Xpress, LiveScience, Journal of Linguistics]
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