Na clonagem humana, deve prevalecer a Ética ou a Ciência?: a pergunta da semana

Há mais ou menos duas semanas, uma equipe científica da Universidade do Oregon (EUA) anunciou que conseguiu reprogramar células da pele humana para que agissem como células tronco, o que pode abrir a via à clonagem com fins terapêuticos de órgãos humanos. A descoberta, de enormes consequências, suscitou imediatamente reações contrapostas e tanto a ICAR como outros adversários da clonagem humana repudiaram o experimento.

Na clonagem humana, deve prevalecer a Ética ou a Ciência?: a pergunta da semana
Os cientistas acham que as células tronco poderiam ser usadas para substituir as células doentes ou lesionadas, e para tratar males como o Parkinson, a esclerose múltipla, as doenças cardíacas e as lesões da medula espinal.

A equipe que publicou suas conclusões na revista "Cell" era encabeçada por Shoukhrat Mitalipov, que já conseguiu em 2007 a conversão de células de pele de macaco em células tronco. A técnica usada por ele e seus colaboradores é uma variação de um método de uso comum, chamado transferência nuclear de célula somática que consiste no transplante do núcleo de uma célula, que contém o ácido desoxirribonucléico (DNA) de um indivíduo, a um óvulo do qual retiram seu material genético. O óvulo não fertilizado se desenvolve e eventualmente produz células mãe.

O problema todo é que segundo detratores isso já é um embrião que deixam desenvolver por uns dias e depois é destruído. Dizem que há um problema ético na criação de uma vida humana especificamente para ser destruída nestes experimentos.

Por seu lado, o arcebispo de Boston, cardeal Seán O'Malley, assinalou em um comunicado que a clonagem humana, com qualquer propósito, contrapõe a responsabilidade moral de tratar cada membro da família humana como um dom de Deus, uma pessoa com sua dignidade inerente.

No artigo da revista Cell, Mitalipov assinalou que "um exame detalhado das células tronco derivadas mediante esta técnica demonstrou sua capacidade de se converter, assim como as células tronco normais de embrião, em vários tipos diferentes de células, incluídas as células nervosas, do fígado e do coração", indicou Mitalipov no artigo.

- "Ademais, devido a que estas células reprogramadas podem ser geradas com material genético do mesmo paciente não há preocupações pela possibilidade de rejeição de um transplante", acrescentou.

O sucesso da equipe de Mitalipov na reprogramação de células de pele humana originou-se de uma série de estudos de células humanas e de macacos.

Outras tentativas anteriores frustrados em vários laboratórios mostraram que o óvulo humano parece mais frágil que os óvulos de outras espécies, o que se converteu em um obstáculo nos métodos conhecidos de reprogramação.

O segredo do sucesso foi achar uma maneira de fazer com que os óvulos permanecessem em uma etapa conhecida como "metafase" durante a transferência nuclear. A metafase ocorre no processo natural de divisão celular, ou meiose, quando o material genético se alinha no meio da célula antes que esta se divida.

A equipe de pesquisa descobriu que a manutenção química da metafase durante todo o processo de transferência impedia que o processo emperrasse e permitia que as células se desenvolvessem e produzissem células mãe.

Por um lado temos aqueles que querem dar novas e melhores chances de recuperação e inclusive cura de doenças degenerativas e por outro os que acham que o óvulo neste estágio já é um embrião e, portanto, um ser humano ou parte dele, que nunca pode ser produzido para ser utilizado como meio para salvar novas vidas. A polêmica está no ar.

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