Na Libéria, familiares subornam agentes de saúde para que vítimas do ebola recebam falso atestado de óbito

Moradores e profissionais de saúde na Libéria disseram que algumas equipes enviadas ao país para preparar corpos supostamente infectados com ebola estão recebendo dinheiro das famílias para emitir atestados de óbito com outras doenças. 
De acordo com o jornal The Wall Street Journal, a prática é preocupante, já que os cadáveres são uma importante fonte de contágio e mostra uma provável corrupção nos esforços internacionais para conter o vírus. 
Os funerais liberianos normalmente incluem lavar o corpo e mantê-lo em um velório que pode durar dias. Parentes e amigos costumam beijar os corpos, colaborando para a proliferação do vírus.
As vítimas de ebola sofrem com o estigma da doença, e por isso, algumas famílias preferem não admitir que um parente morreu da doença.

O médico epidemiologista da Universidade da África do Sul em Pretória, Andrew Medina-Marino, disse que esteve na Libéria recentemente e que recebeu dezenas de relatos de que outras pessoas pagavam subornos para as equipes de apoio para obter o atestado de óbito falsificado.
Os profissionais de saúde dizem que escutam relatos de enterros "secretos" em áreas residenciais, e novas sepulturas em locais proibidos aparecem ao amanhecer.
"A corrupção de baixo nível tem um impacto de alto nível", disse o médico.

Em Caldwell, um município na Libéria, a comissária funerária, Hawa Johnson, disse que tinha parado de emitir licenças de enterro para quem não tinha certidão de óbito de um hospital confirmando a causa da morte, depois que um dos seus trabalhadores descobriu que as equipes distribuíam atestados falsos.
Um dos trabalhadores, Vincent Chounse, disse que viu a negociação acontecer quatro vezes.

"A família alega que a pessoa não tinha ebola, então eles dizem que podem vender um certificado do Ministério da Saúde, provando que não era ebola". Ele disse que os valores podem variar entre R$ 90 e 120 (U$ 40 e 50).
O governo decretou que qualquer um que morre de ebola deve ser cremado, para prevenir a propagação da doença e obrigar que os moradores queiram enterrar seus parentes. O crematório em Monróvia incinera cerca de 60 corpos por dia.

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