É curioso notar que esse quadro se alterou ao longo dos anos. Antes, os celulares “tijolões” contavam com baterias capazes de aturar até uma semana. O problema apareceu com a chegada dos smartphones.
Atualmente, mesmo a adição de baterias de alta capacidade parece não sanar o problema. Mas, afinal, por que elas duram tão pouco? O que consome a carga e inviabiliza a utilização do aparelho por mais tempo?
Visor: o principal vilão
Analisando as mudanças que aconteceram nos celulares, a mais notável está no tamanho do display. A evolução provocada por uma mudança na proposta essencial desses aparelhos resultou no lançamento de sistemas móveis, aplicativos simplificados e jogos especialmente voltados para os gadgets de mão.
(Fonte da imagem: Divulgação/Apple)
Ocorre que software e hardware raramente caminham sozinhos. A
indústria não teria como convencer os consumidores a comprarem um
aparelho para jogos se a tela continuasse diminuta. Além disso, ela não
teria como forçar uma mudança de proposta se os celulares ainda tivessem
telas monocromáticas — afinal, de que serviria a web em preto e branco?Foi justamente esse aumento de tela, combinado com múltiplas cores e níveis elevados de brilho, que causou um grande impacto na autonomia da bateria. Hoje, com displays que podem chegar a ter 6 polegadas, resoluções elevadas, cores vibrantes e luminosidade exagerada, a energia acaba sendo insuficiente para um longo tempo de utilização.
Consumo da tela no Galaxy Nexus (Fonte da imagem: Tecmundo/Baixaki)
Analisando rapidamente o status de um Samsung Galaxy Nexus, o Android
nos informa que a tela é responsável por consumir mais de 50% da
energia disponível. Claro, o display não consome energia quando o
celular está em modo de espera, mas, na hora de usar um app, pode ter a
certeza de que quanto mais cores e brilho, menor será o tempo de uso do
aparelho.Conectividade constante
Você já deve ter visto um punhado de artigos aqui no Tecmundo falando sobre o consumo de bateria causado pela utilização excessiva do adaptador WiFi. De fato, esse componente consome energia, mas ele não é o único responsável pela conectividade.Na verdade, a utilização do pacote de dados (seja através do 2G, 3G ou 4G) pode consumir muito mais energia do que o WiFi. Deixar o GPS ligado constantemente também pode contribuir para sua bateria se esgotar rapidamente.
(Fonte da imagem: Tecmundo/Baixaki)
Manter o adaptador Bluetooth sempre ativo e esquecer o NFC ligado são
outros fatores que podem reduzir a autonomia da bateria. Quando o
celular está em stand-by, tais componentes não consomem tanto, mas pode
ter certeza que o tempo de uso do aparelho estará comprometido.Bom, até agora falamos de elementos comuns, que você provavelmente já tinha alguma noção de que faziam parte dos devoradores de energia. Acontece que há mais um tipo de conectividade que afeta sobremaneira o consumo de energia: a conexão com a torre de celular.
Mesmo quando você não está efetuando uma ligação ou enviando mensagens, seu celular precisa manter contato com a operadora de telefonia móvel. Essa “conversa” entre aparelho e rede acontece em modo silencioso e, no caso do Galaxy Nexus, consome cerca de 10% da carga.
O uso da conexão 3G pode requisitar muita energia (Fonte da imagem: Tecmundo/Baixaki)
Para desativar essa conexão, você precisa colocar o celular em modo
avião — mas é óbvio que isso vai impossibilitar a realização de
chamadas. A ideia é válida quando você está em locais em que não há
sinal disponível ou quando você precisa economizar muita bateria para
uma chamada de emergência.Gastando energia enquanto dorme
Se você costuma deixar seu celular no stand-by, a sua bateria tende a durar muito mais. Todavia, é importante notar que, mesmo com a tela apagada, diversos processos continuam em execução. E, por incrível que pareça, o consumo no modo espera é bem elevado.Conforme verificamos, o sistema Android pode consumir até 20% da bateria para manter os principais recursos ativos. Por que ele faz isso? Para garantir respostas imediatas quando você interage com o smartphone.
(Fonte da imagem: Reprodução/BlackBerry)
Quer um exemplo? Na tela de bloqueio, é possível acessar alguns
widgets e ativar a câmera rapidamente. Nessas situações, o celular
precisa estar usando recursos para que você não precise aguardar o
carregamento das funções.Além disso, quando você deixa o WiFi ligado e o celular bloqueado, o aparelho continua puxando dados da web constantemente para que você receba as últimas atualizações do Facebook, do Google+ e de outras redes que sejam executadas em segundo plano.
Smartphones viraram computadores
Atualmente, os celulares mais poderosos contam com processadores quad-core. Em breve, alguns aparelhos darão os primeiros passos em direção aos chips de oito núcleos (o Galaxy S4 já conta com essa tecnologia, mas os núcleos não são usados simultaneamente).Não bastasse essa evolução nas unidades de processamento, os atuais celulares também trazem chips gráficos poderosos, os quais garantem a execução de games tridimensionais com gráficos cada vez mais aprimorados.
(Fonte da imagem: Divulgação/Samsung)
O problema desses componentes robustos é o aumento no consumo de
recursos. Mesmo com um bom gerenciamento de energia, os atuais
processadores tendem a consumir muita energia quando estão trabalhando a
todo vapor.O gasto de energia é brutal quando pensamos no seguinte cenário: execução de um jogo 3D com apps rodando em segundo plano. Em um caso desses, o sistema utilizará CPU, GPU, memória RAM, display (que pode estar no brilho máximo), WiFi (dependendo dos softwares que estão em execução) e outros recursos mais.
Basicamente, tudo consome energia, e a soma de todos os gastos resulta em uma autonomia relativamente baixa. Esses são alguns dos motivos que impedem que você use seu aparelho por poucas horas seguidas.
Hora de recarregar a bateria! (Fonte da imagem: Divulgação/Nokia)
Existem muitas soluções para esse problema, mas poucas são
dependentes da pessoa que está utilizando o smartphone. Você pode apenas
usar os recursos de forma inteligente, garantindo que sempre haja um
tanto de carga para as emergências.Para as empresas de tecnologia, fica a responsabilidade de desenvolver baterias mais potentes, componentes de hardware mais econômicos e aplicativos inteligentes. Bom, analisando de um ponto de vista otimista, até que os celulares mostram bons resultados, afinal, nós também somos máquinas e nossas baterias também precisam ser recarregadas diariamente.