'Tempestade em copo d'água', diz mãe de menina em fotos erotizadas

A mãe da criança de três anos que aparece em uma campanha publicitária em fotos erotizadas afirma estar surpresa com a repercussão do caso. “Fizeram uma tempestade em copo d'água. 

Minha filha não merecia passar por isso”, afirma ela, que pediu para não ser identificada para preservar a filha. 

Para o Dia das Crianças, a marca cearense veiculou na internet e nas lojas imagens da menina maquiada, usando objetos e fazendo poses de adulto.

Após a publicação em 12 de outubro, as imagens foram compartilhadas por centenas de usuários do Facebook, acompanhadas de críticas à marca. A empresa diz que houve uma ''interpretação distorcida'' do conteúdo.
ECA Segundo a coordenadora do Grupo de Pesquisa da Relação Infância, Juventude e Mídia (Grim), da Universidade Federal do Ceará (UFC), Inês Vitorino, a campanha desrepeita não só o código da publicidade. 

“É uma campanha extremamente de mau gosto e desrespeitosa em relação às crianças. Para começar, a criança não é o foco da campanha. 

A marca é para o consumo de adultos e coloca a criança extremamente erotizada, em uma situação absolutamente desnecessária. Além disso, fere o ECA porque coloca a criança em situação vexatória, de calcinha, se maquiando, dentro de uma sociedade com tantos casos de pedofilia e abuso sexual”, afirma. 

Diante do caso, o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) propôs na terça-feira (15) ao Ministério Público uma ação ação coletiva para que futuras campanhas envolvendo crianças e adolescentes não adotem uma postura similar. 

Segundo a entidade, mesmo que campanha da Courofino tenha sido retirada de circulação, a empresa pode ser penalizada com multa ou ter de assinar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). 

A argumentação jurídica do Cedeca se baseia nos artigos 17 e 18 do ECA. O artigo 17 fala do respeito à inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. 

 O artigo 18 do ECA traz que é "dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor". 

"Má interpretação" Em nota, a marca Courofino informou que as peças e o banner publicitário divulgados na página oficial da empresa em uma rede social "buscou homenagear uma data tão importante no cenário nacional" e que houve uma "interpretação distorcida da real intenção da empresa" que era de mostrar a brincadeira de uma criança com os pertences da mãe. 

A empresa também afirmou que não teve a intenção de erotizar a infância e informou que já retirou o material publicitário de circulação. A marca ainda pediu aos usuários das redes sociais que não compartilhe a imagem ou que excluam das páginas para diminuir os "efeitos negativos causados pela má interpretação da campanha". 

 Campanha com crianças 'erotizadas' gera polêmica em redes sociais (Foto: Reprodução)

De acordo com o Conar, mesmo que a marca retire as peças, o processo continua tramitando, pois poderá referenciar campanhas futuras. 

Segundo o conselho, o voto deve ser dado até esta quarta-feira (16). Caso não tenha uma medida liminar, a campanha pode ser utilizada até o fim do julgamento do processo, que dura de 30 a 40 dias. 

Ainda de acordo com o Conar, é importante que as empresas reconheçam e atendam a regulamentação do conselho. A retirada é de responsabilidade do anunciante, que é informado sobre a existência do processo e pode participar da sessão que julgará o processo, apresentando, inclusive, defesa. 

Fonte:  G1CE
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