Recentemente, um dos maiores heróis dos quadrinhos tem
sido visto com frequência no Rio de Janeiro. Mas, ao contrário do
"Cavaleiro das Trevas" de Gotham City, na cidade ensolarada a luta do
Batman brasileiro não é contra os bandidos na calada da noite, e sim, ao
lado do povo, por justiça social.
Desde os protestos realizados no Rio durante a Copa das
Confederações, no ano passado, Batman surge em meio aos manifestantes,
atraindo as atenções de todos. Suas aparições são recebidas, geralmente,
com aplausos entusiasmados da multidão. E, assim, o Batman carioca se
tornou uma celebridade. Quando chega, todos vão rapidamente saudá-lo.
Como nas histórias em quadrinhos e nos filmes, ele é visto como o
defensor da justiça.
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href="http://noticias.terra.com.br/infograficos/especial-super-herois/">Os
super-heróis brasileiros em
ação</a>
Quando a versão brasileira do super-herói surge à noite
nos Arcos da Lapa ou apertando a mão de um indígena durante um protesto,
parece que o super-herói de Gotham realmente saiu das telas de cinema.
Na verdade, o Batman brasileiro está longe de levar a
vida do magnata Bruce Wayne. Ele chama-se Eron Morais de Melo. É um
protético de 32 anos e começou a se vestir de Batman depois de
confeccionar a própria roupa, durante as grandes manifestações de junho
de 2013. Eron decidiu ser o homem-morcego porque, para ele, Batman é um
símbolo da luta contra a opressão.
Segundo Eron, no Brasil há uma ditadura disfarçada de
democracia. E deixou claro à AFP que vai participar das manifestações
até que a Constituição seja plenamente respeitada e os cidadãos tenham
moradia, educação e saúde.
O Batman do Rio de Janeiro se transformou em uma figura
acompanhada pela mídia e já recebeu vários convites para se filiar a
partidos políticos. Mas ele se recusa a fazer parte de um sistema contra
o qual luta.
Sua esposa se acostumou a vê-lo sair com a roupa
especial. Eron chegou a ser detido pela polícia por ter desrespeitado
uma lei proibindo manifestantes mascarados. Os heróis hollywoodianos
estão muito presentes nas manifestações no Brasil e, durante a onda de
protestos que arrastou para as ruas milhares de pessoas na primavera,
muitos usavam as máscaras de "Anonymous", do personagem histórico
britânico Guy Fawkes, apresentado no filme inspirado no HQ "V de
Vingança".
Também é comum encontrar Hulks, Super-homens e até Jack
Sparrow, anti-herói do filme "Piratas do Caribe". Mas, principalmente,
muitos 'Anonymnous' se misturam à multidão junto com outros mascarados
do grupo anarquista Black Bloc, que entram em confronto com as forças de
segurança, em atos que, quase sempre, terminam em depredações.
Desde que foi proibido o uso de disfarces, Batman vem
usando, muitas vezes, uma cartolina que indica seu nome e o número de
sua carteira de identidade, para provar que não usa sua máscara para se
esconder das autoridades. Por algum tempo, ele deixou de ir às
manifestações e as pessoas começaram a exibir cartazes perguntando:
"Onde está o Batman?" Teria ficado o Rio sem o seu super-herói
justiceiro?
Mas ele voltou e, recentemente, vem aparecendo também em
outros eventos, como a 'Zombie Walk', um 'flash mob' planetário durante
o qual as pessoas se fantasiam de zumbis. Naquele dia em Copacabana,
ele apareceu com uma arma de brinquedo para "eliminar" os mortos-vivos.
No dia 9 de janeiro, lá estava Batman na Favela do
Metrô, uma pequena comunidade situada entre o metrô e uma rocha perto do
Maracanã. A favela deve ser totalmente eliminada antes da Copa do Mundo
de 2014 para dar lugar a um centro comercial.
Em 2010, 637 famílias dessa comunidade foram removidas,
mas outras pessoas se alojaram nas casas desocupadas. Esses novos
ocupantes se recusam a sair e ergueram barricadas para impedir as
autoridades de desalojá-los. E lá estava Batman para visitá-los e atrair
a atenção da imprensa para o destino dessas pessoas.
Hoje, Batman é uma figura inevitável em todos os
movimentos sociais no Rio e vai continuar assim durante a Copa. Sua
presença parece levar algum conforto e estímulo a todos. Sem dúvida, dá
aos manifestantes a esperança de que seu grito seja ouvido.