Sete policiais, sendo dois delegados, já foram presos durante operação na capital paulista e em Campinas
Eduardo Ferreira/Futura Press
Fachada da Corregedoria Geral da Polícia Civil, na rua da Consolação, em São Paulo, para onde foram encaminhados os policiais presos
Os policiais do Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e da Polícia Civil de Campinas (SP) presos nesta segunda-feira (15) são investigados por roubo, corrupção, extorsão, sequestro e tortura de traficantes e de familiares de criminosos ocorridos após atrasos nos pagamentos de propina. Segundo a investigação, os policiais recebiam anualmente até R$ 300 mil para não combater o tráfico na região de Campinas.
"Os valores variam de R$ 200 mil a R$ 300 mil por ano e mais algumas mensalidades para eles (criminosos) poderem trabalhar no tráfico", afirmou o promotor do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Amauri Silveira Filho.
Até o momento, sete policiais, sendo dois delegados , foram presos durante a operação. Ao todo, há 13 mandados de prisão contra policiais, 11 deles com passagens pelo Denarc e outros dois da cidade de Campinas.
"O MInistério Público tem convicção de que há vários outros policiais envolvidos. Por isso a necessidade desse documento de custódia, que é identificar muito rápido quem são esses outros policiais", afirmou o promotor
Entre as provas levantadas pelo MP, os policiais foram flagrados quando usavam os telefones dos familiares dos traficantes, que eram sequestrados pelos agentes, para extorquir os criminosos exigindo o pagamento das propinas. Os telefones dos traficantes estavam grampeados pelo Gaeco de Campinas, que desde outubro de 2012 investigava a ação de criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) na região.
Nessas gravações, foram descobertas conversas com o sequestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, preso desde 2002 na penitenciária de segurança máxima de Presidente Venceslau. Com os atrasos de pagamento e a reação dos policiais, com os sequestros, Andinho teria ordenado que fossem feitos ataques a policiais.
Segundo a polícia, um dos sócios dos traficante foi preso após receber missão para ameaçar promotores. "Durante a investigação vários criminosos foram presos. Quase todos da quadrilha do Andinho foram presos. Hoje, algumas horas atrás, foi preso um importante criminoso em Ribeirão Preto, sócio e fornecedor do Andinho, que tinha missão de participar de alguma ação específica contra nós, promotores do Gaeco", disse o promotor.
As investigações do Gaeco começaram em meio à onda de enfrentamento entre membros do PCC e policiais do Estado, em 2012. Na ocasião, foram presos 29 membros do comando local do crime, em Campinas, Monte Mor, Hortolândia e Cosmópolis. Entre os acusados, estava o dono de uma lanchonete na avenida Norte-Sul, em Campinas, que morava num condomínio de luxo. Ele seria o tesoureiro do grupo e conseguiu fugir.
Novo Denarc
Após prisão de policiais envolvidos com tráfico, o delegado-geral da Polícia Civil, Luiz Mauricio Blazeck, afirmou que o Denarc passará por uma reestruturação.
"Falei com o diretor do Denarc hoje no sentido de verificarmos a reestruturação e modernização do departamento. Foi criado há 25 anos e seus procedimentos e atribuições serão revistos, e não só diante desse fato. Há a necessidade de ajustes de estruturas e de filosofia de trabalho", afimou Blazeck.
Fonte: IG
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