O verão mais quente dos últimos 30 anos no Rio de Janeiro teve, em 21 de dezembro, um dos raros dias nublados. O clima esvaziou as praias, e o "Toplessaço", marcado para aquele dia murchou — apesar da superexposição prévia que o evento ganhou nas redes sociais pregando a legalização dos seios desnudos. Também através destes sites — mas, agora, avessa ao sucesso precoce —, a nova edição do evento foi definida. Será no dia 21 de abril, conforme antecipou a cineasta e organizadora Ana Paula Nogueira ao G1.
No novo encontro, que promete reunir também homens e até mulheres 100% vestidas, "sem coragem de tirar a parte de cima", a temática afronta a truculência policial que considera o topless como atentado ao pudor e recomenda aos agentes a condução das desobedientes à delegacia.
Segundo Ana Paula, a violência dos agentes do Estado (também) nas praias é um reflexo — muito reduzido — do que acontece em outros cantos da cidade.
"Por que o Rio está tão violento? É importante humanizar. A PM é violenta contra o topless. Imagina a truculência da polícia na favela, as balas perdidas, contra as mulheres transportadas de maneira absurda...", enumerou Nogueira em alusão à Claudia Silva Ferreira, que foi arrastada por um carro da corporação durante um resgate frustrado no Morro da Congonha, em Madureira, Subúbio do Rio, no dia 16 de março.
Uma das poucas mulheres que, diante de um batalhão de fotógrafos, tirou a camisa na primeira edição do Toplessaço, Ana Paula foi convidada, meses depois, a um ensaio fotográfico sensual. Ela topou e decidiu que o cachê será destinado justamente à família de Claudia.
A princípio, a verba do ensaio seria destinada a um filme sobre a história do Rio de Janeiro (e também sobre o topless) que será filmado durante o Toplessaço. Mas a cineasta preferiu utilizar o dinheiro de maneira mais "útil".
"É uma forma de estimular as pessoas a lembrarem, porque daqui a pouco isso vai ser esquecido. Não vou salvar a vida dela com o cachê... mas é um primeiro passo", disse.
Beranda
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