11 fatos sangrentos sobre morcegos-vampiros


Os morcegos estão intimamente ligados às lendas sobre vampiros em nossa sociedade ocidental, mas apenas três espécies – das cerca de 1.100 na ordem Chiroptera – realmente se interessam por chupar o sangue de outros animais.
Os morcegos são os únicos mamíferos no mundo que conseguem se alimentar exclusivamente de sangue, e os desafios que essa dieta lhes impõe fazem deles um dos mais especializados, fascinantes e absolutamente estranhos animais que a natureza tem para nos oferecer.
Confira na lista baixo 11 fatos sangrentos sobre esses bichos:

11. Os morcegos chupam o sangue de aves, mamíferos e até de humanos

As três espécies de morcego-vampiro – o morcego-vampiro comum (Desmodus rotundus), o morcego-vampiro de perna peluda (Diphylla ecaudata) e o morcego-vampiro de asas brancas (Diaemus youngi) – estão intimamente relacionadas e agrupadas na subfamília Desmodontinae.
Estas espécies convivem em partes da América Central e do Sul. Por isso, no que parece ser um esforço para evitar a concorrência um com o outro, eles se especializam em diferentes presas. O vampiro comum se alimenta principalmente de sangue de mamíferos, variando entre antas e cavalos (até, ocasionalmente, seres humanos), mas parece ter uma preferência pelo gado. O vampiro de pernas peludas, por sua vez, vive quase exclusivamente de sangue de aves, enquanto o de asas brancas é mais versátil e chupa o sangue tanto de aves e quanto de mamíferos.

10. No início, acreditava-se que todos eram vampiros

Outros morcegos que possuem dietas menos assustadoras contavam com uma má reputação nas Américas, que remonta ao período dos exploradores europeus. Eles tinham ouvido histórias sobre os morcegos bebedores de sangue e, ao chegarem aqui, se depararam com pessoas nativas e animais que tinham sido mordidos durante a noite. Sem qualquer conhecimento real das dietas dos morcegos, começaram a rotular diferentes espécies de morcegos como vampiros a torto e a direito, geralmente aplicando o termo para os morcegos maiores e/ou mais feios.
Os morcegos que se alimentavam exclusivamente de insetos ou até mesmo de frutas também eram considerados vampiros graças à sua aparência – e a associação se concretizou quando essas espécies foram descritas cientificamente e receberam nomes como Vampyrum spectrum e Pteropus vampyrus. Entretanto, quando um biólogo finalmente pôs suas mãos em um morcego-vampiro real, Desmodus rotundus, ninguém acreditava em seus relatos de que ele realmente bebia sangue – por isso, o cientista sequer fez alguma menção a este fato em sua descrição.

9. Os morcegos não “chupam” o sangue de suas vítimas, na realidade

Quando os morcegos se alimentam, chupando o sangue de outro animal, eles usam seus dentes para atravessar a camada de pelos ou penas da região e, na sequência, cortam a carne da vítima com seus dentes incisivos afiados. De acordo com zoólogos do Field Museum, de Chicago, Estados Unidos, até os dentes de um esqueleto velho de um morcego, preservado em coleções de museus, são afiados o suficiente para cortar a pele de alguém que por acaso segurá-los descuidadamente.
Ao invés de sugar ativamente o sangue do animal, como o lendário personagem da ficção, os morcegos deixam a física da capilaridade fazer o trabalho. Eles abocanham a presa e as partes especializadas em seus lábios, línguas e no céu da boca entram em ação para realizar a sucção do sangue. A proteína presente na saliva dos morcegos, chamada de ativador do plasminogênio, impede a coagulação do sangue e o mantém fluindo livremente enquanto o morcego o bebe.

8. Os morcegos se fingem de pintinho ou de galo para atacarem galinhas

Os morcegos-vampiros de asas brancas possuem alguns truques para se alimentarem de galinhas domésticas sem assustar as aves. Às vezes, eles se aproximam de uma imitando o som emitido por um pintinho e se infiltram em sua ninhada. Uma vez lá dentro, o morcego procura por uma região sem penas no corpo da galinha, onde há uma grande concentração de vasos sanguíneos, usada para transferir calor para os seus ovos ou filhotes.
Estes vasos sanguíneos se tornam um alvo fácil para o morcego, especialmente se a galinha acreditar na sua farsa e achar que ele é uma de suas crias. Nesse caso, a galinha vai se aproximar do morcego justamente com a parte mais visada pelo vampiro, em teoria para aquecer seu filhote.
Em outros casos, os morcegos sobem nas costas da galinha, imitando o toque e o peso de um galo com a intenção de acasalar. Consequentemente, a galinha assume a postura agachada típica para o acasalamento. O morcego, muito esperto, se aproveita da situação vulnerável para cair de boca no pescoço da galinha – que permanece imobilizada nessa posição até que o morcego vá embora.

7. Eles também possuem estratégias para atacarem pássaros em árvores

Os mesmos morcegos-vampiros de asas brancas também recorrem às árvores para realizarem suas refeições, além dos galinheiros. Quando eles visualizam um ninho localizado em um galho, logo se escondem, arrastando-se ao longo da parte inferior para ficar fora da vista dos pássaros. Assim que eles se posicionam exatamente embaixo de sua presa, os morcegos mordem a pata dos pássaros e bebem seu sangue a partir dali mesmo.

6. Outras espécies são mais diretas na hora da caça

O morcego-vampiro de pernas peludas também encontra presas em árvores com as quais se alimenta, mas esta espécie não se dá ao trabalho de bolar estratégias muito complexas. Eles frequentemente pousam diretamente em um pássaro e penduram o seu corpo de cabeça para baixo com os pés, enquanto mordem a região ao redor da cloaca da ave, a saída para o trato intestinal, reprodutivo e urinário.
A manobra é ajudada pelo calcar do morcego, um esporão ósseo que sai do tornozelo. Essa parte do corpo é ausente em alguns morcegos e subdesenvolvida em outros, mas no caso do morcego de pernas peludas, trata-se de um importante auxílio na hora da caça, além de também servir como um “dedo” extra na hora de se pendurar.

5. Alguns deles são bem ágeis também no solo

Ao contrário de seus primos, o morcego-vampiro comum se alimenta apenas no chão, mas a evolução o fez tão ágil aqui no solo quanto lá em cima, em pleno voo. Enquanto a maioria dos outros morcegos anda de maneira realmente desajeitada no chão, o vampiro comum é capaz de se mover rapidamente no solo, apoiando seu peso sobre as patas traseiras e usando suas asas e polegares alongados para se orientar e dar pulos no chão. Isto é muito útil no momento de correr atrás de uma presa em movimento – eles são capazes de saltar até a vítima, se for necessário.
A alimentação para os vampiros comuns é muitas vezes uma tarefa um tanto quanto arriscada, uma vez que sua vítima preferida, a vaca doméstica, é milhares de vezes maior do que eles. Os morcegos geralmente mordem as vacas na área superior da perna e atrás do casco, uma vez que, nesses locais, a pele é relativamente fina e os vasos sanguíneos passam bem perto da epiderme. Um passo para trás e o morcego poderia ser esmagado se ele não tivesse descoberto como correr ou fazer impressionantes saltos de três metros no ar.

4. Seu metabolismo processa rapidamente o sangue ingerido

Para satisfazer as suas necessidades energéticas, os morcegos-vampiros precisam beber cerca de uma onça (29 ml) de sangue em cada refeição, ou seja, eles consomem cerca de metade do seu peso corporal durante cada sessão de alimentação, que demora entre 20 e 30 minutos.
Seus organismos se adaptaram para aliviar essa carga: seu estômago absorve rapidamente boa parte do conteúdo líquido do sangue e envia os resíduos não utilizáveis para os rins, para que possam ser excretados. Os morcegos conseguem processar sua refeição tão rapidamente que podem começar a descartá-la antes que mesmo de ter terminado de comer. Os morcegos costumam urinar poucos minutos depois de se alimentarem.

3. Os morcegos-vampiros compartilham comida vomitando-a

Os vampiros são conhecidos por compartilhar as refeições uns com os outros. As mamães morcego regurgitam o sangue anteriormente bebido para que os seus filhotes possam se alimentar até que os bebês tenham idade suficiente para caçar por conta própria. Outros morcegos parentes, e mesmo aqueles sem grau de parentesco, já foram observados vomitando sangue para o outro em um acordo de reciprocidade.
Se o morcego não consegue encontrar nada para comer em uma noite, um de seus companheiros pode partilhar um pouco da sua própria refeição. Como não existe almoço grátis, no futuro, o morcego alimentado provavelmente retribuirá o favor quando houver necessidade. Se o morcego que recebeu ajuda trapacear ou não retribuir a gentileza, são grandes as chances de ele nunca mais ser auxiliado pelos outros. As notícias correm até entre os morcegos.

2. Eles possuem sentidos muito apurados, e conseguem reconhecer suas vítimas pela respiração

Os morcegos-vampiros possuem algumas ferramentas diferentes para encontrar seu alimento. Eles têm sentidos bem desenvolvidos como o olfato e, apesar da má reputação, na realidade possuem uma visão bem aguçada. Seus rostos também são capazes de encontrar calor: os narizes enrugados, em forma de folha, são repletos de nervos, que, por sua vez, estão cheios de proteínas que são sensíveis à radiação infravermelha emitida por animais de sangue quente.
Eles também possuem uma audição bem afinada e neurônios especializados que reagem apenas com o som da respiração. Estas células podem até mesmo distinguir os sons da respiração feitos por pessoas diferentes, e são capazes de se lembrarem dos componentes sonoros únicos da respiração de um animal específico, permitindo-lhes voltar para a mesma fonte confiável de sangue noite após noite.

1. Os morcegos-vampiros, por outro lado, têm um paladar bem pouco desenvolvido

Os animais que são comedores aventureiros (ou seja, que dependem da caça para se alimentarem) aprendem a evitar alimentos potencialmente tóxicos por meio do famoso método de tentativa e erro. Funciona basicamente assim: eles experimentam algo novo. Se isso lhes fizer mal e eles ficarem doentes, eles passarão a evitar esses sabores no futuro.
No entanto, os morcegos-vampiros parecem ter perdido o sentido de aversão a esse gosto indesejado. Em experimentos, biólogos deram aos morcegos-vampiros e seus primos que só se alimentam de frutos e insetos algumas guloseimas temperadas com sabores estranhos. Em seguida, os pesquisadores induziram os animais ao vômito.
Nas refeições seguintes, os morcegos tiveram a escolha entre a comida normal e a comida temperada que teria o mesmo gosto ruim de antes. Enquanto os outros morcegos evitaram o sabor temperado, que eles associaram com o vômito após a experiência da primeira refeição, os morcegos-vampiros se alimentaram tanto da guloseima temperada quanto da regular, sem mostrar predileção por nenhuma das duas.
Os pesquisadores acreditam que os vampiros bebedores de sangue perderam a capacidade de fazer esse tipo de associação porque sua dieta não apresenta uma grande variedade de sabores, de modo que esse mecanismo não se tornou mais necessário. Outra alternativa é a de que os morcegos-vampiros perderam essa capacidade de associação logo no início de sua trajetória como um consumidor de sangue a fim de fazer com que a dieta se tornasse viável. [Mental Floss]

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