Garota passou pela 6ª sessão de laserterapia na quinta (20), em Goiânia.
Mãe diz que Kemilly Vitória passa a mão no rosto liso: 'Toda convencida'.
Cerca de 80% dos pelos corporais da menina já foram removidos (Foto: Vitor Santana/G1)Cerca de 80% dos pelos corporais da menina
já foram removidos (Foto: Vitor Santana/G1)
A menina Kemilly Vitória Pereira de Souza, que nasceu com o corpo coberto de pelos, continua o tratamento de laserterapia e comemora o aniversário de 3 anos nesta sexta-feira (21) com uma nova aparência.
"Ela está toda convencida, se arruma em frente ao espelho e fica se olhando, passando a mão no rosto, já sem os pelos", contou a mãe da garota, Patrícia Batista Pereira, de 22 anos. "O maior presente é a felicidade dela", completou a mulher, emocionada.
A sexta sessão de laserterapia foi feita na quinta-feira (20) no Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. No total, a criança já teve cerca de 80% dos pelos corporais removidos.
Kemilly Vitória nunca havia ganhado uma festa de aniversário, por causa das condições financeiras dos pais, mas este ano toda a família se uniu para proporcionar esse momento à menina.
"Nos outros anos, não tínhamos condições, pelo custo dos remédios que a gente tinha que comprar. Este ano, cada um da família está dando alguma coisa para fazer a festinha", revelou a mãe.
A aniversariante já tem noção do que a data representa e se mostra toda animada. "Vou ganhar presente", disse Kemilly Vitória, esperando voltar à sua cidade natal, Augustinópolis, no Tocantins, onde ocorrerá a comemoração.
A menina foi diagnosticada com uma doença genética e hereditária chamada "hipertricose lanuginosa", também conhecida como "síndrome do lobisomem", que a faz ter uma quantidade de pelos no corpo acima do normal. Após 2 anos buscando tratamento, os pais conseguiram a laserterapia para a filha no HMI.
A animação e a felicidade da criança é notada por todos no hospital onde ela faz sessões a cada 15 dias.
"Nós estamos bem felizes por ela. Ela está reagindo muito bem, mudou completamente. Ela já percebe toda a diferença no corpo", afirmou o médico Zacharias Calil, responsável pelo tratamento da paciente.
A laserterapia de Kemilly Vitória ainda está no início, e a previsão é que sejam realizadas 40 sessões dentro de 2 anos. A cada nova etapa, também é necessário que se façam retoques nas áreas já tratadas.
"Ainda não podemos dizer se conseguiremos eliminar todos os pelos. A expectativa é que, pelo menos, 70% sejam removidos definitivamente", apontou Calil.
A próxima etapa é remover os pelos das costas da garota, mas a data do novo procedimento ainda não foi agendada. "Preferimos deixar em aberto até decidirmos o dia certo da nossa mudança para Goiânia", revelou o pai da menina, o eletricista Antônio de Souza, de 34 anos.
Mudança
A longa distância percorrida para o tratamento de Kemilly Vitória obrigou os pais a se mudarem para Goiânia. Até então, eles precisavam sair do Tocantins e enfrentar 25 horas de viagem de ônibus para levar a filha até o HMI.
"Nós sempre pedimos passagem de avião para a Secretaria de Saúde do Tocantins [Sesau], mas eles nunca nos deram, falam que já dão a de ônibus e que não há justificativa para trocar por avião, mesmo sabendo que ela fica com toda a pele sensível", disse a mãe.
Kemilly Vitória nasceu com o corpo coberto de pelos e pais buscam tratamento (Foto: Fernanda Borges/G1)Kemilly Vitória nasceu com o corpo coberto
de pelos (Foto: Fernanda Borges/G1)
A família pede passagens aéreas ao governo, pois após as sessões a pele da menina deve ser protegida do sol, para que não surjam manchas.
"Como é que [os pais] vão protegê-la viajando 25 horas em um ônibus? Por isso, sinceramente, até acho justo que eles se mudem para Goiânia, pois aqui terão um auxílio maior", avaliou o médico.
"Eu desisti de esperar a ajuda do governo. Minha preocupação maior é com a saúde da minha filha, então alugamos uma casa aqui [em Goiânia] e vamos nos mudar, recomeçar do zero", disse o pai da garota.
Na última sessão de laserterapia e na anterior, a família viajou de avião até Goiânia com passagens doadas por pessoas que se solidarizaram com a história de Kemilly Vitória.
"Mas não dá para ficar dependendo da ajuda dos outros sempre. Agora, vou precisar procurar outro trabalho aqui para nos manter", disse Antônio. Atualmente, a família sobrevive com a renda de R$ 1 mil proveniente do salário do pai da criança.
"Até o meu marido arrumar outro emprego, vamos sobreviver com o dinheiro que eu ganhei vendendo algumas roupas. Pegamos um dinheiro emprestado, compramos tudo em roupas e eu revendi [as peças]", afirmou Patrícia. "É difícil se separar do resto da família, mas a prioridade é cuidar da nossa filha, vê-la feliz", finalizou a mãe.
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